É cada vez mais difícil para os portugueses que chegam hoje a Macau obterem residência no território. A autorização para trabalhar no território demora mais tempo a ser concedida e há jovens qualificados a quem é dado apenas o ‘blue card’, normalmente atribuído aos trabalhadores sem especialização técnica, uma situação que a presidente da Casa de Portugal em Macau (CPM) lamenta.
Convidada desta semana do programa Rádio Macau Entrevista, Amélia António caracteriza os portugueses que chegam hoje em dia à RAEM como sendo jovens, com espírito dinâmico e habilitações que podem ser uma mais-valia para um território onde faltam recursos humanos qualificados. Partem de Portugal para fugir ao desemprego mas, quando aterram aqui, descobrem que a realidade pode ficar aquém das expectativas.
“Há grandes dificuldades porque mesmo aquelas pessoas que vêm à partida com trabalho já apalavrado têm encontrado grandes dificuldades na aquisição do estatuto de residente”, conta a presidente da CPM. A responsável diz-se profundamente chocada com a situação e com o estatuto que é dado a muitos destes jovens portugueses.
“Sei que neste momento há imensos portugueses a trabalhar em postos altamente qualificados com cartão azul. Isto é uma coisa, para mim, impensável. Isto não significa, de qualquer maneira, desprezar os trabalhadores não qualificados que vêm temporariamente para Macau e a quem é concedido o cartão azul, mas é uma enorme contradição”, aponta.
A advogada salienta que existe legislação própria para os portugueses que pretendem residir em Macau, aprovada em 1999, que tem “razões históricas” e o apoio da China.
Quem escapa ao ‘blue card’ e consegue o Bilhete de Identidade de Residente também não tem tido a vida facilitada, vinca ainda Amélia António. “Durante muito tempo, esta situação resolvia-se em cerca de um mês, mês e meio, Hoje temos casos com nove e dez meses.”
Amélia António já falou com as autoridades locais acerca da situação: dizem-lhe não há alterações de política, ou seja, o Governo assegura que continua a tratar os portugueses como sempre tratou. A resposta leva Amélia António a concluir que se vive uma situação “contraditória” e “absolutamente ridícula”.
O programa Rádio Macau Entrevista pode ser ouvido neste site.