Albano Martins discorda com a política orçamental apresentada nas Linhas de Acção Governativa para 2016. Para o economista, a postura do Executivo é “super conservadora”.
“Independentemente da queda das receitas dos casinos, o Governo continua a ter uma razoável almofada de superavit. Para o ano, o Governo está a ver o filme ao contrário. Numa situação de contracção a dois dígitos – nós vamos contrair cerca de 20 por cento, este ano –, a postura em 2016 não deveria ser contraccionista, mas sim expansionista, para dar à comunidade o sentido correcto”, defende Albano Martins.
Este ano, o valor do orçamento ficou acima dos 150 mil milhões de patacas. Em 2016, vai ser de cerca de 103 mil milhões, o que representa um corte de 30 por cento.
“O Governo tem de assumir que, em períodos de contracção, deve haver défice. Essa é a postura correcta. Períodos de contracção não são normais na economia de Macau. Ter um défice na vida não faz mal a ninguém, antes pelo contrário. O défice permite construir a procura e dinamizar a economia”, nota Albano Martins.
O Chefe do Executivo apresentou, ontem, as previsões das receitas. No próximo ano, os casinos devem gerar 200 mil milhões de patacas. Ou seja, a média mensal deve rondar 16 mil milhões de patacas.
“Há muitas dúvidas se vão ser esses os valores ou se os novos casinos vão gerar mais receitas. Mas o problema da política do Governo é que não permite que a percentagem de mesas seja definida pelos próprios casinos [aumento global é de três por cento, ao ano, até 2023], interferindo claramente na actividade. Isso pode afectar as receitas”, salienta Albano Martins.
O economista comenta ainda o facto de Chui Sai On ter, pela primeira vez, admitido que os preços do imobiliário são “muito elevados”. Sobre o projecto de lei de controlo das rendas, aprovado pela Assembleia na generalidade e que conta com o apoio do Governo, Albano Martins tem reservas.